Não foi só a invenção do fogo que mudou a vida das sociedades antigas. Desde a invenção da roda, é inegável a influência dos meios de transporte na vida humana, justamente porque encurtou distâncias e facilitou a vida das pessoas.
Você já parou para pensar no tempo que levaria ao visitar um parente ou amigo no outro lado da cidade, se tivesse que ir a pé? Ou ainda: já se perguntou quantos seriam os dias e noites necessários para ir de norte ao sul do país a cavalo? Pois bem, isso no mundo moderno é impensável.
A globalização e todas as mudanças trazidas pela 4ª Revolução Industrial mudaram não só o estilo de vida da sociedade, mas também seus comportamentos enquanto consumidores. Neste viés, o transporte, que já era importante, tornou-se ainda mais do ponto de vista da estratégia, marketing e de sustentabilidade do negócio.
Isso porque receber a compra mais rápido, com qualidade, na quantidade correta, sem avarias e no custo ideal, é o que espera esse novo consumidor.
Nesse sentido a logística de transportes é sem dúvida diferencial competitivo para manter clientes fiéis e conquistar novos, melhorar as vendas e manter-se competitivo e saudável no mercado.
A função do gestor no mundo moderno
Gestão é um conceito alicerçado em quatro pilares: planejamento, organização, liderança e controle – função básica de um gestor que busca tirar o melhor proveito das estruturas, das tecnologias, do capital e das pessoas para alcançar as metas do negócio no curto, no médio e no longo prazo.
Gestores organizacionais neste mercado competitivo do presente século devem ter a compreensão exata e profunda do gerenciamento, não só dos custos, mas de toda a estratégia da cadeia.
Porém, não é algo simples, escrever é mais fácil que vivenciar. Para a maioria dos gestores existem muitas interrogações:
Por onde eu começo? Como fazer do transporte um diferencial, como enxugar os custos sem comprometer o nível de serviço estabelecido ou como fazer da logística de transporte um fator de encantamento?
Comece pelo planejamento, organize-se, lidere um time com o coração e controle os processos e custos com as Quatro ações que considero fundamentais para o sucesso do transporte em sua empresa.
- Escolha bem o modal e o modelo
A escolha do modal e do modelo de transporte ideal implica em avaliar impactos nos níveis de serviços acordados com os clientes e minimização dos custos.
Na escolha da modalidade mais adequada ao transporte deve-se levar em conta fatores como custos, a velocidade de locomoção e a confiabilidade de fornecimento. Analise, portanto:
Custos: Composto de elementos fixos, baseados no tempo e nos elementos variáveis baseados na distância. Cada modalidade possui seus custos inerentes, sendo que o transporte aéreo é o de maior custo e o ferroviário o de menor.
Velocidade: Cada modalidade envolve o cronograma (lead time) para completar o processo de entrega e a distância na qual os produtos serão movimentados. A modalidade aérea é mais rápida que a marítima em relação às distâncias médio-longas.
Confiabilidade: Reflete a habilidade de entregar consistentemente no tempo declarado e acordado, numa condição satisfatória. Quando um serviço não é confiável, os clientes devem aumentar o inventário e, consequentemente seus estoques.
Como você sabe a missão do transporte é deslocar mercadorias ou pessoas de um ponto de origem para um ponto de destino, com qualidade e garantia sobre a integridade da carga e a confiabilidade no que diz respeito aos prazos.
Escolher o modelo é tão importante como a escolha do modal de distribuição. Invista tempo e estudo quando for definir a:
- Entrega será fracionada ou lotação;
- Entrega será compartilhada ou exclusiva;
- Localização dos armazéns;
- Operação de cross-docking ou transit-point;
- Frota será própria ou terceira;
- Separação e embalagem da carga (picking e packing);
- Terceirização será total ou parcial da logística (o que impacta diretamente no transporte e entrega).
- Acordo comercial do transporte
No transporte uma negociação bem feita é vital para o sucesso do negócio (do embarcador e do transportador). Ao sentar em uma mesa as duas partes devem ter ciência que o a satisfação do cliente deve ser o foco de ambas as partes; uma questão de sobrevivência. Não é uma relação de venda comum, mas uma parceria de ganha-ganha.
É necessário que se tenha:
Transparência: Nem sempre é assim, contudo, para que uma parceria seja duradoura, as contas devem ser feitas com clareza (planilha aberta). O contratante do frete (embarcador ou equiparado) deve conhecer os custos envolvidos no transporte e as margens/Mark-up praticados pelo transportador.
Clareza quanto aos custos: Para que não haja ônus para nenhum dos lados e todos ganhem com um atendimento perfeito, é preciso entender que nenhuma operação é igual à outra. Os veículos não são os mesmos, a estrutura de operação também não, muito menos os custos com alugueis e salários.
Atenção que o produto transportado não tem o mesmo valor agregado (tipos de carga), a frequência da carga muda o valor cobrado, modelo de operação, tempo de carga e descarga, frequência de pagamento do frete, ineficiências, particularidades de clientes, região atendida (tem retorno ou não?) e etc. Tudo isso são premissas variáveis a considerar.
Contrato de prestação de serviços: O contrato de prestação de serviços formaliza o acordo e fortalece a parceria, trazendo garantias para as partes envolvidas. O embarcador tem a segurança da operação e o transportador terá condições para contração de créditos, investindo na frota para atendimento.
Um bom contrato com cláusulas claras que contemplem todas as variáveis do processo deve ser redigido e operacionalizado.
- Gestão da carteira de pedidos e roteirização
Gestão da Carteira: Atender com excelência, mantendo o nível de serviço estipulado deve ser o foco na gestão do transporte. Para isso a gestão da carteira de pedidos é um fator de extrema importância para o transporte.
Aqui, entre outras ações, se determina como e quando será atendido cada cliente: suas particularidades, tamanho do pedido determinando o perfil do veículo entregador e o agendamento da entrega.
Alguns problemas como os destacados abaixo podem ser identificados e tratados na gestão da carteira de pedidos:
- Carga que não coube no caminhão na hora da coleta;
- Paletização da carga (clientes estratégicos exigem paletização “customizada”);
- Agendamento da entrega (agendar a entrega para o momento ideal evita perdas com diárias e reentregas);
- Agendamento da coleta (a coleta do produto alinhado com a entrega evita gastos com diárias e armazenagens no transportador).
Roteirização: uma vez que as transportadoras, muitas vezes em uma mesma viagem, irão entregar produtos diferentes para vários clientes, ou até mesmo em várias fábricas. Deve-se utilizar a Roteirização das entregas.
Existem no mercado softwares para auxiliar na definição da rota mais adequada de entrega, de forma a reduzir os custos de logística.
A Roteirização é um método de busca, da melhor sequência de visitas a um determinado número de clientes, no interior de uma zona de coleta ou distribuição, ou seja, sequência “otimizada” de entregas e coletas de produtos.
O ideal é que a empresa de transportes de cargas fracionadas conte com um software integrado e amigável para auxiliar na gestão da entrega. Com a roteirização consegue-se:
- Redução de distância para realizar a entrega;
- Reduzir o tempo para realizar a entrega;
- Redução dos custos da entrega;
- Dimensionar a carga e a frota;
- Racionalizar o uso da mão-de-obra;
- Controle amplo e abrangente de todo processo de carga e descarga;
- Economia de combustíveis;
- Controle de manutenção de frota, etc.
- Composição correta dos custos
A conta frete é responsável por até 70% do custo logístico e 20% do custo total da empresa, eis um excelente motivo para dar a devida atenção que esta conta merece.
Cada operação deve ser colocada sob análise, para que se compreendam seus custos, cada detalhe pode mudar o custo do frete.
Compondo um frete
Ao fazer uso de uma metodologia adequada para cálculo do custo do frete, contribui-se para formação de preços justos, tanto para empresa dona da carga quanto para o transportador. Faz-se necessário o estudo dos custos operacionais, classificando os tipos de cargas e serem transportadas e o modal ideal para o atendimento.
Tarifas de composição do frete:
Frete peso (Se a carga for “volumosa”, pode-se considerar o volume no lugar do peso) – Parcela de maior relevância na composição do frete. É constituído da soma dos custos fixos e variáveis;
Custos fixos: Salários encargos sociais e benefícios de motoristas e ajudantes, remuneração mensal do capital, oficina, licenciamento, seguro do equipamento e a depreciação do veículo e do equipamento e etc.;
Custos variáveis: Combustível, pneus e recauchutagens, lavagem e graxas, lubrificantes, peças, acessórios e materiais de manutenção e etc.
Frete valor ou ad-valorem: O Ad Valorem é calculado em cima do valor da carga. Agrega seguro na mercadoria que não está assegurada quando não está em tráfego, assegura contra riscos de acidentes e avarias;
Despesas administrativas e de terminais (DAT), (GRIS) – Taxa de gerenciamento de risco, Taxas adicionais ou generalidades e Pedágio são cobranças que podem acabar com sua conta frete.
Fonte: Clube logistico